Brabera no Talo!

Em 1983, quando o Heavy Metal já estava muito bem consolidado com bandas como Judas Priest, Black Sabbath e Motörhead em plena criatividade e produtividade. E na mesma época em que o Thrash havia demarcado suas primeiras linhas com o Metallica, Slayer e Sodom. Havia ainda mais um segmento inovador que viera a provar que o turbilhão musical dos anos 80 estava longe de ficar suas raízes. Algumas cabeças planejavam estender a velocidade e complexidade do heavy e a agressividade e ideologia do thrash a um novo patamar, com cargas ainda mais sombrias e brutalidade nunca vistas, se afastando definitivamente da influência que o blues ou o punk exerciam sobre os seus estilos predecessores.
Duas das pioneiras do novíssimo Death Metal, principalmente em sua fase seminal, foram bandas bastante centradas em poucos integrantes, mais especificamente no Chuck Schuldiner no caso do Death, que carregou seu nome só por muito tempo até encontrar quem notasse de fato o seu gênio e suas idéias. E finalmente, no Trey Azagtoth, ou Jorge Emmanuel III (esse último é o nome real ^^) que penou até achar as peças necessárias que o apoiassem e destacassem ao máximo suas próprias habilidades e criatividades.
O Trey, apesar de começar a tocar guitarra tardiamente, define rapidamente que dedicará-se a música extrema, e logo fica famoso por seus diferenciais, incluindo sua habilidade nos solos, que apesar de não seguirem nenhuma teoria ou lógica, sempre instiga a batida e complementa perfeitamente as letras, e as distorções ainda mais agressivas configuradas por ele. E dois anos após o início das atividades do Morbid, lançam sua primeira Demo, hoje chamada simplesmente de ''The Beginning'', e apesar da terrível qualidade de gravação, qualquer conhecedor do Morbid Angel vai notar o quão as idéias são diferentes do que apareceu no primeiro full da banda. O som é muito mais parecido com um Thrash lendo e obscuro, e os vocais não são guturais, pelo contrário, freqüentemente se escuta vários gritos agudos que de alguma forma desapareceriam por completo do acervo da banda. Mas é claro que a maldade já comia solta, e os solos e a criavidade do Trey em explorar distorções exóticas e harmônicos loucos já aparecia.
A seqüência de demonstrações, ''Bleed for The Devil'' e ''Scream Forth Blasphemies'', ambas de 1986 começam a chamar a atenção dos thrashbangers que na época já estavam muito bem abastecidos com discos do naipe do Reign in Blood.
Até que finalmente, a compilação ''Evil Demos'' lançadas em 1987 teve excelente distribuição e atingiu todas as cenas dos E.U.A, e em menor escala, na Europa e Brasil.
Com a consolidação do Death, Possessed e a fundação do Obituary, logo o underground estaria permeado de um barulho ainda mais brutal, obscuro e técnico, e que as bandas que lideravam o movimento nem sequer haviam gravado seus primeiros fulls.
No final de 1987, é lançado o primeiro material oficial do grupo, o EP, ''Thy Kingdom Comes'', que contava apenas com duas faixas, mas com uma qualidade de gravação muito boa que os ''proto-fãs'' do Morbid exibiam com orgulho inundando as vizinhanças com a nova revolução.
É dito que o Trey sempre teve sorte em ter bons bateristas que o acompanharam durante o início da sua carreira, mas o encontro definitivo que iria moldar as baquetas da banda seria a contato com o Salvadorenho Pete Sandoval, um músico completo, dotado de incrível imaginação sem sacrificar a velocidade e violência em suas batidas.
O Pete é famoso por introduzir e consolidar o uso dos famosos blast beats na música extrema, fazendo-o de forma bastante precisa e veloz, principalmente em sua participação na lendária Terrorizer, que com apenas um LP, influenciou gerações de bandas de grind e death. É mais um exemplo, assim como o Trey, de um músico extremamente influente que desenvolveu suas habilidades sozinho, sem nenhuma aula ou livro de teoria.
Finalmente, completando a formação clássica, o Morbid Angel também pega recruta o David Vincent, também ex-Terrorizer, dotado de um vocal gutural sólido e infalível e com toda a experiência que adquiriu em shows com o Terrorizer. O David também assume o baixo, e logo se reunem para a gravação do primeiro full, intitulado Altar of Madness, que resume tudo que fora aprendido desde a fundação da banda, para concentrar um dos discos mais intensos e insanos já lançados, uma mistura perfeita de técnica e bagunça, que viria marcar o som base do Morbid Angel.

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